Bolsonaro diz que Trump recuou em retomada de tarifa sobre o aço do Brasil

Casa Branca não comentou, mas integrantes do governo americano confirmaram informação

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Brasília e Washington

O presidente Jair Bolsonaro disse que foi informado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que o país não irá mais retomar as tarifas sobre o aço e o alumínio do Brasil. A Casa Branca não comentou, mas integrantes do governo americano confirmaram a informação.

Em live nas redes sociais, o brasileiro disse que recebeu um telefonema nesta sexta-feira (20) do norte-americano e que ele se comprometeu a não sobretaxar as importações dos dois produtos minerais.

Também por meio de redes sociais, Trump se manifestou sobre o telefonema: "Acabei de ter uma ótima conversa ao telefone com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. Discutimos vários assuntos, incluindo comércio. A relação entre EUA e Brasil nunca esteve tão forte", escreveu o presidente americano.

​Desde que Trump anunciou que iria impor novas taxas aos produtos brasileiros, a embaixada do Brasil em Washington entrou em contato com a Casa Branca e o Congresso para tentar entender a razão da medida e revertê-la.

O principal argumento da embaixada, que confirmou nesta sexta a desistência de Trump em seguir com a ideia das tarifas, era que o aço que chega do Brasil aos EUA serve de insumo para empresas americanas e iria, dessa forma, encarecer o produto para os próprios consumidores do país.

No início deste mês, em seu perfil no Twitter, Trump disse que iria repor as tarifas diante da desvalorização cambial do real em relação ao dólar, o que estava prejudicando a agricultura dos EUA.

"Ele [Trump] se convenceu dos meus argumentos e decidiu dizer a nós todos brasileiros que o nosso aço e o nosso alumínio não serão sobretaxados. Repito, não serão sobretaxados", disse Bolsonaro.

Segundo o presidente, o contato telefônico durou cerca de 15 minutos e foi cordial e respeitoso. Ele ressaltou que, com o recuo dos Estados Unidos, as relações entre os dois países continua sendo "a melhor possível".

"Os americanos são um grande parceiro nosso e temos muita coisa em comum. A amizade pessoal, a simpatia que tenho para com ele e ele para comigo continuam mais fortalecidas ainda", afirmou.

Bolsonaro ressaltou ainda que, desde que conheceu pessoalmente Trump, durante as prévias norte-americanas, passou a ser fã dele e seu seguidor.

"Eu estive por três vezes com ele. Tudo o que nós tratamos foi no mais absoluto interesse para o bem dos nossos povos", afirmou.

Mais tarde, na entrada do Palácio do Alvorada, Bolsonaro disse que a amizade dele com Trump "continua cada vez mais forte" e que teve uma conversa "entre dois estadistas". Segundo ele, um recuo era negociado há semanas com o primeiro escalão do governo americano.

"Poderia dar uma sinalização que politicamente estaria estremecido nosso relacionamento. Nunca esteve, muito pelo contrário. Tanto é que você não viu nenhuma manifestação minha quando anunciou a sobretaxa. Nós tratamos de forma diplomática, com muito respeito, essa questão que é muito cara para nós brasileiros", disse.

O presidente disse ainda que pretende visitar a Flórida, para conversar com empresários americanos, no início do próximo ano e que, durante a viagem, pode ter um novo encontro com Trump. A viagem para a Flórida estava programada para novembro deste ano, mas acabou cancelada.

Em março de 2018, Trump estabeleceu tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio importados ao país, um dos maiores compradores mundiais desses insumos

À época, o governo brasileiro disse que as tarifas estabelecidas eram injustificadas, mas que permanecia aberto para encontrar uma solução. 

Já em agosto do mesmo ano, o governo dos EUA voltou atrás e anunciou um alívio nas cotas de importação acima dos percentuais livres de sobretaxas.

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